top of page

Rojão, uma receita centenária e reconhecida por lei

  • Foto do escritor: Especiarias Revista
    Especiarias Revista
  • 11 de nov. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 18 de nov. de 2021

O Rojão é uma receita criada pela família Balaio, originários da cidade de Ribeirão Grande, que hoje é conhecido em mais de 50 cidades e reconhecida por lei no município

Descendente de açougueiro, Claudio Balaio conta a história da culinária centenária que pertence à família, o Rojão. A receita, que foi patenteada por Balaio, como é popularmente conhecido na região, trata-se de uma comida típica da cidade de Ribeirão Grande, no interior de São Paulo. Com o nome e aparência inspirados nos fogos de artifício, o Rojão nasceu e cresceu dentro das comemorações religiosas do município, onde também conquistou sua fama e clientela.


Em 2019, a Câmara Municipal, em uma declaração em projeto de lei, reconheceu o Rojão como Patrimônio Cultural Imaterial de Ribeirão Grande.


O Rojão é uma carne moída, inteiramente suína, que leva na composição sal, pimenta, ovos, farinha e quatros especiarias, que não é revelada pelo dono da receita. De acordo com o açougueiro, os temperos do Rojão são praticamente todos naturais, não possuindo química. Após preparada, a carne é encaixada em uma madeira de eucalipto, que possui o formato de um cabo de vassoura, e amarrada com um barbante.


Como tudo na receita, a escolha da madeira é de suma importância, é extraído uma peça do eucalipto que não possui resina, pois são as resinas liberadas por outras madeiras que podem estragar a carne ou até mesmo impedir que ela seja consumida. “Quando meu avô fazia, ele ia no mato, cortava uma madeira; tem que ser uma madeira especial, porque muitas madeiras, passam o gosto da madeira na carne, inclusive tem madeiras que não podem ser usadas de jeito nenhum”, explica Balaio.


ree

Claudio Balaio, em festa de família, assando rojões Foto: arquivo pessoal


Preservada há quatro gerações, a comida ainda leva os mesmos ingredientes, entretanto, com a demanda, precisou ser produzida em maior quantidade. “É uma comida bem artesanal.

Originalmente era socado no pilão, com o decorrer dos tempos, nós aumentamos a nossa fabricação. Hoje, é uma carne moída, encaixada na madeira, com toda uma maneira de fazer”. Durante o processo da patente da marca Rojão, foi necessário fazer uma pesquisa nacional, realizada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), constatando que não há uma receita em todo o país igual à do rojão. “Eu não conheço ninguém que tenha feito o Rojão como nós fazemos, então é uma receita genuinamente regional, só existe na nossa região.”, diz Balaio em entrevista, quando questionado sobre a originalidade da receita. A marca Rojão foi patenteada no ano de 1997, por Balaio, o bisneto do inventor da receita.


ree

Na imagem de 1960, encontram-se os avós de Cláudio, o pai e ele quando criança, enquanto assam rojão para toda a família Balaio Foto: arquivo pessoal


Com a fama, aumentaram as responsabilidades. Após apresentar o Rojão em feiras gastronômicas, festivais de culinárias caipiras, programas televisivos, Balaio diz que é gratificante tamanho reconhecimento para a família e cidade que ele pertence. O que lhe foi recompensado da melhor maneira em 2019, quando a Câmara Municipal, em uma declaração em projeto de lei, reconheceu o Rojão como Patrimônio Cultural Imaterial de Ribeirão Grande.


ree

Projeto de Lei que declara o Rojão como Patrimônio Cultural Imaterial e Ribeirão Grande Imagem: Câmara Municipal de Ribeirão


Inicialmente, o prato era preparado apenas para as festas familiares, em comemorações de Natal e aniversários. Com a necessidade de arrecadar dinheiro, a produção, que antes era para consumo próprio, passou a ser comercializada durante as festas religiosas que aconteciam na comunidade. A partir disso, a comida se popularizou. Atualmente, o açougue do Balaio atende cerca de 50 cidades do estado, disponibilizando sua equipe para a produção e venda em igrejas, Rotarys, entidades, festas e muito mais, que continuam a comercializar o rojão com o objetivo de arrecadar fundos.


ree

Rojão sendo assado em frente à igreja Bom Jesus do Chaves da cidade de Ribeirão Grande, para uma festa religiosa

Foto: arquivo pessoal


Apaixonado pela comida caipira e regional, Balaio fundou uma empresa que resgata esse tipo de culinária, como o rojão e a paçoca de carne socada no pilão, a qual foi inventada pelos tropeiros que ocuparam a região no século 18. Com o açougue herdado do pai, atualmente produz linguiça, bacon, salame e o toucinho na lata. Há, também, a equipe que oferece um cardápio completo da principal atração do estabelecimento, constituído por: rojão, virado de feijão, arroz, couve cozida, torresmo e a salada, nomeado de Festival do Rojão.


ree

Claudio Balaio com Olivier Anquier, dando entrevista sobre o Rojão para o programa da GNT, Diário do Olivier, em 2015. Foto: arquivo pessoal


SAIBA MAIS:

Confira no instagram da nossa revista a entrevista com Claudio Balaio, patenteador do tão famoso rojão: entrevista com Claudio Balaio



ree

Escrito por Maria Fernanda Ragozzini

Estudante de jornalismo, organizadora de eventos e apaixonada por viagens, tem como objetivo seguir na área de reportagem social e turística. Sempre em busca da verdade e de histórias reais, gosta de ouvir o que as pessoas tem para contar. Advinda do interior de São Paulo, ainda carrega no coração as tradições que a cidade lhe concedeu!










Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Projeto desenvolvido pelos alunos do 6° semestre de jornalismo, matriculados na disciplina de "Projeto Interdisciplinar: Revista Digital" da Universidade de Sorocaba. 

@Revistaespeciarias - 2021
Sorocaba/SP

bottom of page